domingo, 22 de novembro de 2009

Call Of Duty Modern Warfare 2

Game de tiro em primeira pessoa é um dos mais vendidos de todos os tempos.

Plataformas: PlayStation 3 (versão testada), Xbox 360 e PC
Produção: Activision
Desenvolvimento: Inifinity Ward
Distribuição no Brasil: Synergex e NC Games
Gênero: Tiro em primeira pessoa
Lançamento: 10/11/2009
Preço medio : 59,95 € (Xbox,Pc e Ps3)

Nota: 9,5*


A grande imersão proporcionada por alguns jogos de videogame da atualidade os coloca níveis acima de outras produções culturais como filmes e músicas e transforma o título em um padrão a ser seguido por toda a indústria. A realidade que o game “Call of duty: modern warfare 2” consegue apresentar é tanta que, por meio dos gráficos e do som ininterrupto dos tiros, o jogador se sente dentro de uma verdadeira zona de combate.

O título, desenvolvido pela Infinity Ward e produzido pela Activision, é a sequência direta do primeiro “Modern warfare”, lançado em 2007, que conta a história de um grupo de soldados americanos contra terroristas russos. O game é de tiro em primeira pessoa, ou seja, o jogador enxerga pelos olhos do personagem, com a arma utilizada em primeiro plano. A guerra fictícia retratada apresenta muita violência, tornando o jogo não recomendado para menores de 17 anos nos Estados Unidos. No Brasil, o jogo ainda não tem classificação indicativa definida.

A Activision também quis trazer polêmica para o game. Entre as mais de 10 horas de jogo do modo “campanha”, além de combater milícias em territórios como o Afeganistão, o jogador viajará para combater os vilões escondidos dentro de uma favela no Rio de Janeiro e terá que participar de um terrível ataque terrorista em um aeroporto russo. Contudo, para não ofender boa parte de seu público, há uma opção no início do game que desabilita missões como essas e conteúdo mais ofensivo como excesso de sangue, por exemplo.


Ação de cinema
Do começo ao fim, “Call of duty: modern warfare 2” traz tanta ou mais ação do que um filme de Hollywood. O jogador se encontrará sempre no meio do fogo cruzado, em situações de risco de vida e não pode ficar parado um segundo. O som dos tiros cruzando o ouvido do personagem, as bombas explodindo e modificando o ambiente criam uma atmosfera tensa e assustadora. A dificuldade, mesmo em níveis mais fáceis, é grande, o que poderá afastar gamers menos experientes.

A fase que acontece em uma favela do Rio de Janeiro define bem o clima que o game deseja passar aos jogadores. Apresentando os melhores gráficos da atual geração de consoles, as ruas estreitas e as casas são rigorosamente detalhadas. Os traficantes descem o morro e atacam por todos os lados e é muito difícil encontrar um canto para se proteger. Para aumentar a dificuldade, as finas paredes das casas não resistem às balas, que as atravessam e atingem o jogador.

Foto: Divulgação

Favela do Rio de Janeiro é cenário para uma das missões do jogo. (Foto: Divulgação)

Para sobreviver ao ataque, há uma série de armas que o jogador pode utilizar, todas existem no “mundo real”. É possível até roubar equipamentos do adversário caso a munição de uma metralhadora acabe, usar granadas e elementos do cenário como botijões de gás para conseguir escapar do ataque.

Em outra cena polêmica, o jogador disfarçado de terrorista deve atacar passageiros em um aeroporto na Rússia. A cena é forte, com centenas de civis sendo mortos no local. Há a opção de atirar ou não nas pessoas, mas o game não induz a cometer o ato.

Por mais próximo da realidade que “Call of duty: modern warfare 2” seja, ele conta a mesma história do bem contra o mal de sempre, trazendo o que há de mais atual em termos de tecnologia de jogos de videogame. E é por isso, por seus controles precisos e por um modo de jogo online viciante, que ele é um dos games mais vendidos de todos os tempos.

Foto: Divulgação

Game coloca jogador no meio de conflitos ao redor do mundo. (Foto: Divulgação)

Assasin's Creed 2

Quando se pensa no mês de Outubro, Uncharted 2: Among Thieves vem à ideia. Quando se pensa no mês de Novembro, é Call of Duty: Modern Warfare 2 que faz as honras. Agora, ainda no rescaldo destes dois títulos, chega-nos Assassin's Creed 2 , um jogo que, embora fazendo parte deste trio de gigantes, parece ter sido relegado para segundo plano. Mas talvez este pensamento não esteja totalmente correcto. É que jogar Assassin's Creed 2 é mais do que puro entretenimento, é ter o privilégio de brincar com uma obra de arte interactiva.

Há tanta coisa para dizer sobre Assassin's Creed 2, que se torna difícil escolher um aspecto para começar. Mas pensem desta forma: se gostaram de Assassin's Creed, vão venerar este segundo jogo. O mais admirável, nesta sequela, é que a Ubisoft utilizou a fórmula vencedora que fez do primeiro jogo um sucesso, mas tirou-lhe o que não fazia falta e adicionou-lhe, simultaneamente, novos elementos que em tudo elevam a qualidade do segundo.

Um dos problemas com que Assassin's Creed se deparou foi com o facto de ser, de certa forma, repetitivo. O sistema de jogo consistia quase sempre no mesmo: reunir informações sobre o alvo a abater, assassinar quem nos era pedido, realizar missões secundárias, subir a sítios altos para explorar o mapa, e tentar perceber o que raio se passava na história.


Agora, em Assassin's Creed 2, as coisas mudam radicalmente. As missões não são repetitivas e conseguem variar bastante entre si, dando uma dinâmica muito maior ao jogo. Para além disso, não esperem encontrar o conflito entre os Crusados e os Sarracenos, e não contem dar de caras com Templários espalhados pela Terra Santa ou com bandeirinhas nos sítios mais improváveis que se possa pensar.

Assassin's Creed 2 conta a história de Ezio, um jovem da nobre família Auditore da Firenze, que se vê cada vez mais envolvido no meio de uma enorme conspiração. Se Altair matava para cumprir as ordens de Al Mualim, Ezio mata por razões pessoais, algo que transmite um cunho bastante mais intimista ao jogo. Por outro lado, o facto da acção decorrer em Itália, em cidades como Florença ou Veneza, ajudou a abrir portas à criatividade e a adicionar uma beleza deslumbrante a Assassin's Creed 2. Tudo ajuda a passar um encanto especial ao jogo: a arquitectura renascentista, o sotaque e as frases em italiano proferidas pelas personagens, ou as próprias cores vivas e variadas do ambiente.

Embora não se aproxime de Uncharted 2: Among Thieves, a capacidade gráfica de Assassin's Creed 2 está fenomenal. As personagens, os edifícios, as armas, os fatos e as armaduras, a àgua, as árvores ou a relva estão todos muito bem detalhados. Pelo seu lado, os movimentos, as animações ou as expressões faciais das personagens também não ficam atrás.


Por causa de tudo isto, é muito fácil adorar ou detestar as pessoas com quem Ezio se cruza, algo que nem sempre acontecia em Assassin's Creed. As pessoas que Altair tinha de assassinar pouco ou nada nos diziam, eram apenas mais um alvo a abater. Era-nos explicada a razão pela qual deveriam morrer (razão mais que suficiente para levarem uma facadinha nos rins, diga-se), mas nunca sentíamos algo pessoal. Éramos uma espécie de Agente 47 da Idade Média.

Mas isso muda em Assassin's Creed 2. É que não nos dizem, apenas, que o nosso pai morreu e temos de o vingar, metem-nos em contacto com ele: mostram-nos o dia-a-dia familiar dos Auditore da Firenze e depois, num desenrolar de eventos que não conseguimos evitar, arruinam-nos a vida, numa típica história de traição. Ainda por cima, a juntar a isto, os nossos alvos são arrogantes e estão convencidos que podem perfeitamente fazer o que lhes apetece e dá na gana. Há maior motivação para os trespassar a todos com a nossa espada?

Claro que quem diz espada, diz punhal ou hidden blade, ou alguma das outras armas que podemos escolher em Assassin's Creed 2. A imagem de marca de Assassin's Creed, a hidden blade, mantém-se, mas agora melhorada. Já era sabido que Ezio iria ter duas hidden blades, mas ainda não sabíamos o quão bem iriam funcionar. Agora sabemos... e funcionam muito, muito bem. Os movimentos do primeiro jogo continuam, com a diferença que agora temos mais opções para as nossas amigas de punho. Ezio vai poder usar as duas hidden blades em simultâneo, não só para esfaquear, sorrateiramente, os inimigos, como também para o combate directo, como se de espadas se tratassem.


Ainda relacionado com isto, outro aspecto que merece a nossa atenção são as novas formas de assassinato. O nosso menino bonito pode agora assassinar a partir do ar, da àgua, dos esconderijos (e.g. carroças de palha) ou mesmo pendurado no parapeito de um edifício. Se estivermos num telhado, podemos seleccionar os inimigos na rua e saltar-lhes, literalmente, para cima; já se estivermos na água, nos esconderijos ou nos parapeitos, basta esperar que eles passem ao pé de Ezio e puxá-los para a morte. Tudo isto funciona de uma forma exímia. Tal como em Assassin's Creed, existem duas formas de assassinato com a hidden blade: a discreta (low-profile) e a "olhem-para-mim-que-sou-um-assassino" (high-profile).

O combate, que era uma das jóias da coroa do primeiro jogo, foi melhorado. Podemos atacar e defender, mas o destaque vai, claramente, para os contra-ataques e para o disarm. Os contra-ataques continuam tão bons ou melhores que antes, com diferentes movimentos para cada arma. Mas mais engraçado que contra-atacar uma investida do nosso oponente, é desarmá-lo e usar a arma que lhe roubámos, contra ele e contra os amigos todos.

Para além das espadas, dos martelos, dos punhais, das hidden blades e das facas que podemos atirar, existem, em Assassin's Creed 2, novos "brinquedos", cada um melhor do que o anterior: as granadas de fumo, a poisoned blade e a hidden gun. Se as granadas dão bastante jeito para desaparecer sem deixar rasto ou para ganhar superioridade numa batalha contra vários inimigos, já a poisoned blade é um must para criar uma distracção. Através de uma pequena picada, que ninguém à nossa volta percebe, injectamos o nosso alvo com veneno. Isto começa por deixá-lo tonto, e irá acabar numa morte agoniante que chama a atenção de toda a gente que se encontre nas imediações. Em relação à hidden gun... bom, digamos apenas que Ezio também tem a sua veia de atirador furtivo. É uma adição ao jogo que funciona muito bem, e que traz novas possibilidades a Assassin's Creed 2. É quase como se a Ubisoft nos estivesse a dizer: "nós não precisávamos de meter isto no jogo, mas fizémo-lo porque podemos."


Uma das peças centrais de Assassin's Creed 2 é o sistema monetário. É através dele que poderemos reabastecer-nos de thrown knives ou dos frasquinhos de medicina (sim, agora podemos trazer os nossos próprios "ben-u-rons" connosco), que poderemos comprar novas armas ou armaduras, ou que poderemos comprar outras cores para o nosso fato. Pois é, se não gostarmos do tradicional fato branco poderemos mudá-lo para outra cor à nossa escolha. Existe uma palete variada e cada cidade terá cores específicas. Já no que toca às armaduras, não será preciso dizer que uma armadura melhor será mais resistente em combate.

Existem várias formas para ganhar dinheiro. Por um lado, podemos completar as missões principais e secundárias, que é o que nos mete o "pão em cima da mesa" no início; por outro, podemos roubar as moedas às pessoas que passam (o chamado pickpocket), ou revistar as nossas vítimas ensanguentadas. E só por graça, poderemos ainda encontrar baús espalhados pelo mapa, os quais também ajudam a nossa carteira.

E isto não se fica por aqui. Conhecem aquele pensamento que defende que o dinheiro atrai mais dinheiro? Em Assassin's Creed 2 isso também se aplica. É que as nossas poupanças não vão servir apenas para gastar em armas ou em roupas da moda, vão também servir para investir na nossa própria fortaleza, em Monteriggioni. Aqui vamos ter todas as lojas que encontramos nas outras cidades, com a diferença que podemos restaurá-las e melhorá-las. Ao fazer isto, não só vamos ter descontos nas coisas que lá compramos, como as próprias lojas nos irão pagar uma espécie de "renda". Quanto mais evoluída estiver a nossa fortaleza, em termos de reparações e restaurações das lojas, mais dinheiro entrará nos nossos cofres.


Aspectos negativos? Bem, se há aspectos negativos não se notam muito. A câmara pode oferecer alguns problemas, por vezes, especialmente quando realizamos contra-ataques muito perto de objectos que possam obstruir a visão (e.g. árvores, paredes ou muros altos, etc.). A inteligência artificial dos aliados que podemos contratar (ladrões ou mercenários, por exemplo) também poderia estar melhor, visto que acontece meterem-se à nossa frente quando estamos a tentar desancar uma resma de guardas. No entanto, estes pontos (ou outros, que poderão encontrar) pouco ou nada afectam o desempenho do jogador, e muito menos do jogo em si.

Muito mais haveria para dizer sobre Assassin's Creed 2. O jogo não fica por aqui, nem tão pouco mais ou menos. Poderíamos falar do sistema de penas, uma espécie do sistema de bandeiras de Assassin's Creed mas agora com um fim específico; poderíamos falar dos tipos de guardas que existem, que requerem um estilo de combate diferente; poderíamos falar da história e das personagens; poderíamos falar do sistema de alerta (notoriety), que faz com que os guardas sejam mais ou menos agressivos quando nos vêem; poderíamos falar das catacumbas que há para explorar, onde Ezio vai encontrar recompensas bastante apelativas; poderíamos falar de como Desmond Miles e a Abstergo vão estar mais presentes em Assassin's Creed 2; poderíamos falar do (excelente) novo sistema de puzzles e quebra-cabeças que irá contribuir para percebermos melhor a história; poderíamos falar do novo sistema de viagens, que nos permite andar de uma cidade para a outra sem perder muito tempo; poderíamos falar de muitas mais coisas, mas isso fica à descoberta de cada um.

Só há mais um aspecto que não poderia deixar de ser referido nesta análise: o som e a música. Os efeitos sonoros continuam brilhantes. O som das lutas com espadas, as interacções entre as personagens, e todos os restantes efeitos estão bastante agradáveis ao ouvido. O trabalho de voz está igualmente excelente, muito bem adaptado a cada character. Para além disso, o facto de ouvirmos falar italiano frequentemente, confere um toque de charme a Assassin's Creed 2. E como não poderia deixar de ser, a isto junta-se uma banda sonora genial. Jesper Kyd, o compositor de Hitman ou do recente Borderlands, que já tinha composto a música do primeiro Assassin's Creed, fez mais um grandioso trabalho em Assassin's Creed 2. A música assenta que nem uma luva nas situações em que nos encontramos, e está ao nível de um blockbuster de Hollywood.



Em jeito de conclusão, Assassin's Creed 2 consegue juntar cenas de amor, traição e humor (há um segmento genial quando conhecemos o tio de Ezio), bons gráficos, uma boa história, um gameplay excelente, uma banda sonora épica, personagens carismáticas, um sistema de mercado equilibrado, e uma conspiração ao nível d'O Código Da Vinci (e por falar em Da Vinci...). Tudo isto é servido com base numa das ideias mais originais dos últimos tempos, iniciada em Assassin's Creed. Em suma, Assassin's Creed 2 vem reivindicar o título, seu por direito, de um dos melhores jogos desta quadra natalícia e, provavelmente, dos últimos anos.