Há tanta coisa para dizer sobre Assassin's Creed 2, que se torna difícil escolher um aspecto para começar. Mas pensem desta forma: se gostaram de Assassin's Creed, vão venerar este segundo jogo. O mais admirável, nesta sequela, é que a Ubisoft utilizou a fórmula vencedora que fez do primeiro jogo um sucesso, mas tirou-lhe o que não fazia falta e adicionou-lhe, simultaneamente, novos elementos que em tudo elevam a qualidade do segundo.
Um dos problemas com que Assassin's Creed se deparou foi com o facto de ser, de certa forma, repetitivo. O sistema de jogo consistia quase sempre no mesmo: reunir informações sobre o alvo a abater, assassinar quem nos era pedido, realizar missões secundárias, subir a sítios altos para explorar o mapa, e tentar perceber o que raio se passava na história.
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Assassin's Creed 2 conta a história de Ezio, um jovem da nobre família Auditore da Firenze, que se vê cada vez mais envolvido no meio de uma enorme conspiração. Se Altair matava para cumprir as ordens de Al Mualim, Ezio mata por razões pessoais, algo que transmite um cunho bastante mais intimista ao jogo. Por outro lado, o facto da acção decorrer em Itália, em cidades como Florença ou Veneza, ajudou a abrir portas à criatividade e a adicionar uma beleza deslumbrante a Assassin's Creed 2. Tudo ajuda a passar um encanto especial ao jogo: a arquitectura renascentista, o sotaque e as frases em italiano proferidas pelas personagens, ou as próprias cores vivas e variadas do ambiente.
Embora não se aproxime de Uncharted 2: Among Thieves, a capacidade gráfica de Assassin's Creed 2 está fenomenal. As personagens, os edifícios, as armas, os fatos e as armaduras, a àgua, as árvores ou a relva estão todos muito bem detalhados. Pelo seu lado, os movimentos, as animações ou as expressões faciais das personagens também não ficam atrás.
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Mas isso muda em Assassin's Creed 2. É que não nos dizem, apenas, que o nosso pai morreu e temos de o vingar, metem-nos em contacto com ele: mostram-nos o dia-a-dia familiar dos Auditore da Firenze e depois, num desenrolar de eventos que não conseguimos evitar, arruinam-nos a vida, numa típica história de traição. Ainda por cima, a juntar a isto, os nossos alvos são arrogantes e estão convencidos que podem perfeitamente fazer o que lhes apetece e dá na gana. Há maior motivação para os trespassar a todos com a nossa espada?
Claro que quem diz espada, diz punhal ou hidden blade, ou alguma das outras armas que podemos escolher em Assassin's Creed 2. A imagem de marca de Assassin's Creed, a hidden blade, mantém-se, mas agora melhorada. Já era sabido que Ezio iria ter duas hidden blades, mas ainda não sabíamos o quão bem iriam funcionar. Agora sabemos... e funcionam muito, muito bem. Os movimentos do primeiro jogo continuam, com a diferença que agora temos mais opções para as nossas amigas de punho. Ezio vai poder usar as duas hidden blades em simultâneo, não só para esfaquear, sorrateiramente, os inimigos, como também para o combate directo, como se de espadas se tratassem.
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O combate, que era uma das jóias da coroa do primeiro jogo, foi melhorado. Podemos atacar e defender, mas o destaque vai, claramente, para os contra-ataques e para o disarm. Os contra-ataques continuam tão bons ou melhores que antes, com diferentes movimentos para cada arma. Mas mais engraçado que contra-atacar uma investida do nosso oponente, é desarmá-lo e usar a arma que lhe roubámos, contra ele e contra os amigos todos.
Para além das espadas, dos martelos, dos punhais, das hidden blades e das facas que podemos atirar, existem, em Assassin's Creed 2, novos "brinquedos", cada um melhor do que o anterior: as granadas de fumo, a poisoned blade e a hidden gun. Se as granadas dão bastante jeito para desaparecer sem deixar rasto ou para ganhar superioridade numa batalha contra vários inimigos, já a poisoned blade é um must para criar uma distracção. Através de uma pequena picada, que ninguém à nossa volta percebe, injectamos o nosso alvo com veneno. Isto começa por deixá-lo tonto, e irá acabar numa morte agoniante que chama a atenção de toda a gente que se encontre nas imediações. Em relação à hidden gun... bom, digamos apenas que Ezio também tem a sua veia de atirador furtivo. É uma adição ao jogo que funciona muito bem, e que traz novas possibilidades a Assassin's Creed 2. É quase como se a Ubisoft nos estivesse a dizer: "nós não precisávamos de meter isto no jogo, mas fizémo-lo porque podemos."
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Existem várias formas para ganhar dinheiro. Por um lado, podemos completar as missões principais e secundárias, que é o que nos mete o "pão em cima da mesa" no início; por outro, podemos roubar as moedas às pessoas que passam (o chamado pickpocket), ou revistar as nossas vítimas ensanguentadas. E só por graça, poderemos ainda encontrar baús espalhados pelo mapa, os quais também ajudam a nossa carteira.
E isto não se fica por aqui. Conhecem aquele pensamento que defende que o dinheiro atrai mais dinheiro? Em Assassin's Creed 2 isso também se aplica. É que as nossas poupanças não vão servir apenas para gastar em armas ou em roupas da moda, vão também servir para investir na nossa própria fortaleza, em Monteriggioni. Aqui vamos ter todas as lojas que encontramos nas outras cidades, com a diferença que podemos restaurá-las e melhorá-las. Ao fazer isto, não só vamos ter descontos nas coisas que lá compramos, como as próprias lojas nos irão pagar uma espécie de "renda". Quanto mais evoluída estiver a nossa fortaleza, em termos de reparações e restaurações das lojas, mais dinheiro entrará nos nossos cofres.
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Muito mais haveria para dizer sobre Assassin's Creed 2. O jogo não fica por aqui, nem tão pouco mais ou menos. Poderíamos falar do sistema de penas, uma espécie do sistema de bandeiras de Assassin's Creed mas agora com um fim específico; poderíamos falar dos tipos de guardas que existem, que requerem um estilo de combate diferente; poderíamos falar da história e das personagens; poderíamos falar do sistema de alerta (notoriety), que faz com que os guardas sejam mais ou menos agressivos quando nos vêem; poderíamos falar das catacumbas que há para explorar, onde Ezio vai encontrar recompensas bastante apelativas; poderíamos falar de como Desmond Miles e a Abstergo vão estar mais presentes em Assassin's Creed 2; poderíamos falar do (excelente) novo sistema de puzzles e quebra-cabeças que irá contribuir para percebermos melhor a história; poderíamos falar do novo sistema de viagens, que nos permite andar de uma cidade para a outra sem perder muito tempo; poderíamos falar de muitas mais coisas, mas isso fica à descoberta de cada um.
Só há mais um aspecto que não poderia deixar de ser referido nesta análise: o som e a música. Os efeitos sonoros continuam brilhantes. O som das lutas com espadas, as interacções entre as personagens, e todos os restantes efeitos estão bastante agradáveis ao ouvido. O trabalho de voz está igualmente excelente, muito bem adaptado a cada character. Para além disso, o facto de ouvirmos falar italiano frequentemente, confere um toque de charme a Assassin's Creed 2. E como não poderia deixar de ser, a isto junta-se uma banda sonora genial. Jesper Kyd, o compositor de Hitman ou do recente Borderlands, que já tinha composto a música do primeiro Assassin's Creed, fez mais um grandioso trabalho em Assassin's Creed 2. A música assenta que nem uma luva nas situações em que nos encontramos, e está ao nível de um blockbuster de Hollywood.
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Em jeito de conclusão, Assassin's Creed 2 consegue juntar cenas de amor, traição e humor (há um segmento genial quando conhecemos o tio de Ezio), bons gráficos, uma boa história, um gameplay excelente, uma banda sonora épica, personagens carismáticas, um sistema de mercado equilibrado, e uma conspiração ao nível d'O Código Da Vinci (e por falar em Da Vinci...). Tudo isto é servido com base numa das ideias mais originais dos últimos tempos, iniciada em Assassin's Creed. Em suma, Assassin's Creed 2 vem reivindicar o título, seu por direito, de um dos melhores jogos desta quadra natalícia e, provavelmente, dos últimos anos.
http://www.eurogamer.pt/videos/assassins-creed-2-trailer-extendido - official trailer
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